De novo a partir de uma conversa com essa amiga (já vira uma comparsa), citada no post anterior, vou descobrir que me pego dizendo muitas coisas que antes não dizia nem por decreto. Que estou apaixonado quando estou apaixonado, que estou sofrendo quando sofro e por aí vai. Medo terrível de estar entregue a um indesejável racionalismo.
Mas esse sentimento a que chamamos, por falta de outro nome, de amor, nada tem de racional. Nem preciso pedir a ajuda de Camões para corroborar minha afirmação, sinto na pele as conseqüências dessa irracionalidade do amor.
Mas voltemos à conversa. Na qual, relato minha última peripécia. Ter em casa a mulher que eu amo, deprimida, chorando, com dor de cabeça. Fico feliz por ter procurado refúgio em minha reles morada, junto a minha tão mais reles pessoa.
As providências são simples. Desço à farmácia para comprar um remédio para a dor de cabeça. Ligo para a pizzaria para uma meia calabresa meia mussarela. Tudo pronto, sentamos, comemos. Recorro ao meu repertório para conversar desconversando. Conto histórias, as minhas de infância e adolescência. Arranco um primeiro esboço de sorriso. Falo de minha vida, sempre da maneira mais jocosa, o que é típico de minha família. Mais um sorriso, acrescido da participação dela na conversa.
Seu rosto começa a iluminar-se. Estava antes com cara de quem havia morrido. Mas ilumina-se. Eu me lembro que a tinha abraçado para consolar, beijado a testa, as mãos. Agora ela está sentada na cadeira em frente a poltrona em que estou sentado. Tem umas músicas para um fundo musical, apropriado para minhas reminiscências. Falo da vida um pouco mais, dos filhos, de cachorro, de gato, de minha primeira namorada, meu primeiro chute na bunda, um ano para esquecer, até que minha imagem no espelho mandou-me deixar de frescura e ir viver a vida. Essa imagem nunca mais falou comigo. Podia falar agora.
“Sinto que a amo mais do que possa imaginar.” Amo um amor em meio a tantas dificuldades, tantos obstáculos e impossibilidades. Amo alguém que ainda não tem condições de ver, sentir, pesar e medir, cheirar, vislumbrar esse amor. Então ela gosta de mim e não consegue entender porque fica em paz ao meu lado e esquece do mundo, da mesma forma com que eu simplesmente destruo tudo em volta para existir só ela e eu naquele momento que queria fosse eterno. Mas é só enquanto dura. Ela gosta de mim. Não me ama.
Um dia ela vai embora. Eu fico aqui esperando aquela imagem do espelho dizer-me para deixar de frescura e ir viver a vida.
Mas esse sentimento a que chamamos, por falta de outro nome, de amor, nada tem de racional. Nem preciso pedir a ajuda de Camões para corroborar minha afirmação, sinto na pele as conseqüências dessa irracionalidade do amor.
Mas voltemos à conversa. Na qual, relato minha última peripécia. Ter em casa a mulher que eu amo, deprimida, chorando, com dor de cabeça. Fico feliz por ter procurado refúgio em minha reles morada, junto a minha tão mais reles pessoa.
As providências são simples. Desço à farmácia para comprar um remédio para a dor de cabeça. Ligo para a pizzaria para uma meia calabresa meia mussarela. Tudo pronto, sentamos, comemos. Recorro ao meu repertório para conversar desconversando. Conto histórias, as minhas de infância e adolescência. Arranco um primeiro esboço de sorriso. Falo de minha vida, sempre da maneira mais jocosa, o que é típico de minha família. Mais um sorriso, acrescido da participação dela na conversa.
Seu rosto começa a iluminar-se. Estava antes com cara de quem havia morrido. Mas ilumina-se. Eu me lembro que a tinha abraçado para consolar, beijado a testa, as mãos. Agora ela está sentada na cadeira em frente a poltrona em que estou sentado. Tem umas músicas para um fundo musical, apropriado para minhas reminiscências. Falo da vida um pouco mais, dos filhos, de cachorro, de gato, de minha primeira namorada, meu primeiro chute na bunda, um ano para esquecer, até que minha imagem no espelho mandou-me deixar de frescura e ir viver a vida. Essa imagem nunca mais falou comigo. Podia falar agora.
“Sinto que a amo mais do que possa imaginar.” Amo um amor em meio a tantas dificuldades, tantos obstáculos e impossibilidades. Amo alguém que ainda não tem condições de ver, sentir, pesar e medir, cheirar, vislumbrar esse amor. Então ela gosta de mim e não consegue entender porque fica em paz ao meu lado e esquece do mundo, da mesma forma com que eu simplesmente destruo tudo em volta para existir só ela e eu naquele momento que queria fosse eterno. Mas é só enquanto dura. Ela gosta de mim. Não me ama.
Um dia ela vai embora. Eu fico aqui esperando aquela imagem do espelho dizer-me para deixar de frescura e ir viver a vida.
Eu vou ter que olhar pela janela muito tempo, para ver se há vida lá fora.