quinta-feira, dezembro 25, 2008

Nix

É noite... e a noite se alastrará para o dia e tomará conta dele com seu silêncio e sua escuridão, com toda sua solidão.
À noite é que foram feitos o Universo, a luz e as estrelas. À noite é que surgiu a vida. Tudo aconteceu primeiro à noite. O primeiro olhar para si mesmo, homem que se torna homem e se apodera do mundo e toma para si a natureza. Ato tão vil como esse, só poderia acontecer mesmo à noite. À noite o primeiro nascimento, a primeira morte, o primeiro olhar de amor e o de ódio, o primeiro grito assustado, a primeira sensação de medo, geradora de todos os medos subsequentes.
É noite! É noite sempre em meu peito, onde a noite nasceu e parece estar até hoje. Gostamos da luz, mas somos filhos da noite. Nela nasceu nossos deuses, nosso deus, nossos santos, e nossos heróis, nossas histórias tiradas de uma certa imaginação, que também só pode ter surgido à noite.
A noite, a grande criadora. Tudo dela sai e tudo a ela volta.
Minha solidão e minha tristeza, meu silêncio, filhos meus e da noite, minha amante.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Das coisas que se diz...

Das coisas que se diz... serão das coisas que um dia se fará? Sabe lá... o que é morrer de sede em frente ao mar! Só eu sei as esquinas por que passei... vontade de escrever sabe lá o que dá nisso de ficar de citação, o que chamam intertextualidade, que significa os textos de outrem invadindo seu modo de pensar. Pensar que tudo é tão pouco, e tão sem importância, o significado de tudo significando nada, nada, nada.
Sexta-feira é o dia mais amaldiçoado para os solteiros pós casados e para os solteiros que ainda não se amarraram. Sim, é isso mesmo. A vida tão confortável e cômoda de ter alguém em casa ou ter aonde ir e para quem ir. Faz falta.
Quanto tempo sem um cafuné, um chamego, um carinho e uma carícia, uma transa, um dormir juntinho. Aí você olha em volta e vê as pessoas fazendo míserias por causa disso, se arrebentando mesmo, sem um quase nada por quase nada de ninguém que as olha e vê: esmola afetiva. Os mendigos afetivos disfarçam-se de exigentes, não encontrei a pessoa certa.
Certo é que não sou há muito tempo a pessoa certa de ninguém...
Muito mais para dizer. Mas uma espécie de festa me aguarda agora. Sexta-feira, sabe-se como é, todos os gatos são pardos, todas as emoções são escassas, toda felicidade é tão parca.
Chega. A noite é uma criança e eu sou muito velho para ela.