quarta-feira, junho 24, 2009

Um dia...

Vontade de escrever alguma coisa que de mim eu diga algo a mim mesmo... chato chegar tarde em casa e querer aproveitar a noite desse dia para ainda tentar ser algo. A poesia em mim cansada ou cansada de mim, ou eu cansado de tudo, ou de nada, cansado a ponto de nem querer dormir.
Um dia esquecerei rostos. Um dia apagarei caminhos e não deixarei rastros. Um dia se apagarão em mim as lembranças, todas. Um dia irão se desfazer prováveis destinos e possíveis desatinos. Um dia, amor, não haverá mais o que amar e nem porque amar. Um dia será tarde, tão tarde, que restará apenas essa sensação de ainda nem ter vivido.
Insatisfação. A angústia que brota na pele como uma certeza de que a única coisa que verdadeiramente angustia é viver.
Amor por tudo e por todos, por qualquer coisa e qualquer um, por que não diz logo o que quer de mim? Poesia gritando em mim, por que não silencia e me deixa de uma vez por todas em paz?
Desejo de ser comum, o mais reles dos seres comuns que rastejam sobre a terra. Sem anseios e sonhos, sem expectativas, sem possibilidades. Ser apenas, só ser. Ser da maneira mais econômica de emoções e sofrimentos, ser pleno de esquecimentos.
Como o por do sol que nada te pede, apenas repete insistentemente o seu espetáculo cotidiano...
Como o vento suave que nunca vai a lugar algum e está sempre voltando...
Ou como o tempo que tem como única ocupação passar.
Um dia as palavras ainda não concebidas brotarão de um descuido meu.
Um dia os poemas não serão mais escritos, mas escreverão tudo o que ainda não pude dizer.
Um dia esse amor se apresentará em chamas, inevitável.
Um dia as emoções hão de explodir em mim como a parir um outro universo.
E não saberei mais o que fazer, o que ser, o que sentir, o que imaginar.



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