segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Malditos Gregos

Eu não tenho futuro. Eu vivo do passado. O presente? Não, o presente pouco importa, eu fico esperando que o futuro o torne passado, aí sim eu tenho uma vaga noção do que eu tanto quis e nunca fiz (essa bendita frase do Caetano deu de me perseguir...). Cinzeiros e cerveja ao lado do teclado, o computador deixou de ser um santuário. Conversas de ainda ontem... eu um pseudo-?, merda de prefixo grego, maldito Linux, pobre Pátroclo, morreu sob a espada de Heitor ao se passar por Aquiles, Pandora, triste Fênix condenada a renascer, meu computador se chama Prometeu, aquele que roubou o fogo divino. E eu roubaria o fogo do inferno só para ver o brilho de seus olhos se fosse para mim. Eu devolveria Helena a Menelau, daria Tróia a Agamenon, Briseida a Aquiles, só para ter o direito de dar honras fúnebres aos meus sonhos. Sou devoto de Cronos e seu maior adversário.
Mas essas palavras que Hermes pscicopompo carrega aos quatro ventos, ventura, aventura e desventuras, se eu fizesse silêncio seria provavelmente bem mais feliz, mas o fogo das palavras arde em mim como no sonho oráculo de Hécuba.
Isaac Newton não conheceu mulher e nem o amor, não teve amigos, de sua solidão saiu a óptica, a mecânica clássica, a certeza de que tudo se atrai diretamente proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância. Mas teve que ser eu a cunhar a frase QUAL É A DISTÂNCIA DE TUA PROXIMIDADE? Vou estudar matemática porque me aborrece esquecer tudo que soube. E vou estudar gramática porque me aborrece não dizer isso dentro das boas regras da sintaxe. Continuarei com a literatura, para entrar em outros mundos fugindo do meu, um tanto quanto. E poesia, para sonhar um pouco os sonhos dos outros e talvez neles descobrir meus sonhos. E a mitologia, sei lá por que, sei lá para que, por Zeus, Atená que me vele, as Musas que me inspirem, um princípio de manthéia ou uma manía. Malditos gregos, não tinham nada mais para fazer quando inventaram a filosofia?
E não farei mais nada daí em diante. Terei sempre a ansiedade de voltar para casa, de estar em casa, de ver tão pouca gente que nem lembrarei que no mundo há seis bilhões e meio de pessoas, mais ou menos.
Talvez dormir mais, não prestar atenção nas fases da Lua, não perder tantos olhares para luzes de estrelas mortas.
A juventude é feita de proximidades. A velhice de distâncias. O meio disso é um e outro, um ou outro. É ver tudo como quem olha de cima. É saber tudo como quem já viu tudo e não se espanta, não se abate, mas percebe que sofre, porque isso tudo dói de uma dor da qual desaprendemos pouco a pouco não mais reclamar.



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