Daí você fica pescando aquelas músicas de
tantas épocas atrás... Então você esbarra de leve numa vivência,
que claro que é só sua, que não dá para explicar nem com um
tratado, não dá para fotografar, não dá para passar adiante nem
com poesia. Aí essa vivência ali relembrada ressurge na forma de
uma pequena dor, numa emoção totalmente indescritível. É essa
dor, essa espécie de dor que chamamos SAUDADE!
O Que Será? (À Flor da Pele), cantada por
Chico e Milton Nascimento... esta é a música culpada disto por ora,
dessa vez. Mas há muitas, são as músicas e especialmente quando me
entrego a estes momentos de mais completa inutilidade. Se há algo
para fazer eu não quero. Se eu quero não há. E o cortejo segue,
carregando o que está morto sendo seguido por aqueles que imaginam
que estão vivos.
Este final de semana fiquei em casa. Fico
sempre e isso nunca me incomoda. Há muito o que fazer, ler,
escrever, ver filmes, fotografar coisas e passear. Indeciso se faço
uma coisa ou outra, acabo não fazendo nada.
E por umas horas eu estava ansioso. Não fico
quase nunca e quando fico não gosto. A ideia de solidão tem me
causado ansiedade. Queria que ela se resolvesse logo. Eu devia mandar
um pedido de confirmação a todos os que me conhecem, para saber se
vão me deixar sozinhos. Diante da unânime resposta positiva, seria
mais fácil aceitar a solidão como um fato.
Sim, eu já me acostumei com ela e é
exatamente isto o que me assusta. Sei viver e conviver com ela, mas
quando preciso me livrar dela eu simplesmente não sei o que fazer. E
me senti assim este final de semana, querendo sair, ver gente, fazer
um monte de coisa na rua, em lugares cheio de gente, estar com gente
que conheço e gosto.
Eu sou assim, acho que todos me conhecem. Se me
ligarem agora eu sou capaz de me trocar e sair. Não importa a hora.
Mas eu mesmo nunca ligo para ninguém para isto, nunca chamo.
Este final de semana eu fiz isto e ninguém
percebeu. Deu vontade de gritar que eu estou me sentindo sozinho e
não queria isso só por umas horas.
Acabei ficando sozinho de novo pensando na
solidão. Em quando eu não a quiser e ficar como estes dias, sem
saber o que fazer para me livrar dela.
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