As bicicletas não rodam mais no parque. As crianças viraram adultos insatisfeitos. O mundo de aventuras transformou-se numa realidade onde o que vale é o corre-corre. Os sonhos viraram estórias estranhas, fizeram um remake bem vagabundo de todos os mais belos sonhos que se pode ter. Não tem mais pote de ouro no fim do arco-íris, nem luz no fim do túnel. As mais belas palavras tornaram-se um balbuciar ininteligível sobre coisa alguma.
Enormes edifícios erguem-se onde havia sublimes mundos de quintais, pedra e asfalto cobrem os rios mortos. Colocaram flores de plástico em todos os vasos de minha vida. Cimentaram todos os bosques de nossa infância, puseram calçamento na areia das praias. Cobrimos tudo com paredes, janelas e portas para nos escondermos de qualquer coisa passível de nos ser próxima. Estamos encerrados em nossas prisões com as portas abertas, temos medo de sair, temos medo de voar, tudo não passa de uma canção no escuro.
A fumaça maculou o azul do céu, luzes artificiais ofuscam a luz das estrelas. Cidades invadem campos, lixo invade enseadas, sombras de prédios imensos são os melhores protetores solar.
Procuro amor em cada esquina, em cada beco escuro sem saída, o amor escoa pelo esgoto, vontade de viver, uma quimera, vontade de viver com hora marcada, entrar e sair, cinco ou seis dias por semana, na solidão de minha casa uma imagem incógnita em cada espelho parece ser eu. Procuro amor em cada olhar atormentado, e só há esgares no lugar de sorrisos. Em cada rosto uma história desfeita, mal contada, mal assimilada, mal vivida. Toda poesia é somente esse inquebrável silêncio a pairar entre as pessoas.
O que move tudo parece ser a tristeza, o que torna tudo possível é só melancolia, esses nossos medos tolos. O sofrimento se impõe como dádiva, um favor dos céus, um capricho da natureza. A dúvida é nosso melhor tempero, mesmo sobre aquilo que não se pergunta nem num momento de insanidade.
Não são lamentos por tempos idos e nem falsas esperanças de algum porvir. É bem menos que isso, é tudo ser bem menos que isso.
É somente vida, nosso mais merecido castigo.
Enormes edifícios erguem-se onde havia sublimes mundos de quintais, pedra e asfalto cobrem os rios mortos. Colocaram flores de plástico em todos os vasos de minha vida. Cimentaram todos os bosques de nossa infância, puseram calçamento na areia das praias. Cobrimos tudo com paredes, janelas e portas para nos escondermos de qualquer coisa passível de nos ser próxima. Estamos encerrados em nossas prisões com as portas abertas, temos medo de sair, temos medo de voar, tudo não passa de uma canção no escuro.
A fumaça maculou o azul do céu, luzes artificiais ofuscam a luz das estrelas. Cidades invadem campos, lixo invade enseadas, sombras de prédios imensos são os melhores protetores solar.
Procuro amor em cada esquina, em cada beco escuro sem saída, o amor escoa pelo esgoto, vontade de viver, uma quimera, vontade de viver com hora marcada, entrar e sair, cinco ou seis dias por semana, na solidão de minha casa uma imagem incógnita em cada espelho parece ser eu. Procuro amor em cada olhar atormentado, e só há esgares no lugar de sorrisos. Em cada rosto uma história desfeita, mal contada, mal assimilada, mal vivida. Toda poesia é somente esse inquebrável silêncio a pairar entre as pessoas.
O que move tudo parece ser a tristeza, o que torna tudo possível é só melancolia, esses nossos medos tolos. O sofrimento se impõe como dádiva, um favor dos céus, um capricho da natureza. A dúvida é nosso melhor tempero, mesmo sobre aquilo que não se pergunta nem num momento de insanidade.
Não são lamentos por tempos idos e nem falsas esperanças de algum porvir. É bem menos que isso, é tudo ser bem menos que isso.
É somente vida, nosso mais merecido castigo.