segunda-feira, janeiro 21, 2008

Entre o céu e a terra

Com o coração entre o céu e a terra: ela vem! Esse amor que é tão fácil de negar, da boca para fora. Da boca para dentro nem tanto. Ela vem me trazer tudo de volta, ou não, trazer de novo tudo à tona. Vou tentar disfarçar a indisfarçável euforia. Tentar para quê? E por quê? Como? Onde vou esconder essa imensidão de sentimentos? Vai transbordar pelos olhos. E por cada poro vai me escapar um pouco de luz da imensa alegria interior. Incontrolável.
Ela vem e nem sabe que me traz tudo o que levou tão sem perceber, quase que sem querer, eu diria (diria?), eu diria que não devia ter dito que nunca mais ia dizer eu te amo. Não vou dizer. Talvez nem seja preciso. Não! Não vou dizer, não vou dizer o que de qualquer forma eu digo, mesmo sem perceber, mesmo pensando que sempre é sem querer.
Um frio na boca do estômago. Ela vem como se nada tivesse acontecido. Eu também me comporto assim, como se nada tivesse acontecido. Foi só a distância. Foi só toda essa saudade. A boca por que me apaixonei, desde a primeira vez que vi, a boca que me engoliu toda a vontade de fugir, de não mais querer, de não mais ser qualquer coisa. A boca que me devorou a vida, inteira. A boca que devorou todos os meus mais sublimes pensamentos.
A noite, também uma boca que me engole, não será mais tão vazia e silenciosa, haverá trovões em meu peito, haverá dança de luzes de todas as estrelas, haverá paz, uma paz tão indescritível, tão difícil de ser sem ela.
E sei também que haverá muita falta de paz, que amar não passa de travar consigo mesmo a mais cruenta de todas as guerras.
Toco sua boca toda noite em sonhos tão deliciosos. Tocarei suas delícias em sonhos que se tem quando preciso não dormir. Sei que todas as horas serão eternas, todas as noites suaves, sei que estarei como que morto para esse mundo que não me abarca, para todo o desejo que em mim não se aplaca, desejo de poesia em gesto. Todas as músicas. Todas as sinfonias no sussurro de cada palavra. Todo o amor de toda a eternidade e de todo universo, mesmo que não seja preciso dizer eu te amo.

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