terça-feira, junho 03, 2008

Romantismo fora de moda

Acho que estou apaixonado por você, não sei. Perdi o jeito, talvez por causa do romantismo fora de moda ou o fato de pessoas românticas nunca se entenderem de fato. E vejo tristemente que não sou mais capaz de entender os mesmos sinais, os mesmos que entendia tanto antes. Fico procurando o menor indício de correspondências em sinais que ao fim das contas não consigo decifrar mais. Então prefiro calar. E fica assim uma coisa esquisita de se carregar consigo, um pensamento constante, uma idéia fixa, uma vontade de dizer junto com o medo de não ser.
Mas que sinais seriam esses? Tudo fica dúbio... a gente se ilude com uma palavra, um gesto, um jeito de olhar, ou com tudo o que sente bem aqui dentro, que devia conhecer bem, mas não, isso aqui dentro é que desconhece a gente. Sinais que seriam fáceis de entender, bastando o discernimento e a coragem de perceber esse se sentir bem ao lado justamente daquela pessoa, e sentir-se bem de uma maneira bem peculiar. É pensar nela o dia todo, memorizar coisas ditas, as cenas desse filme que tende sabe-se lá para que final.
E não dizer nada, não falar nem da própria suspeita. Deixar como está, porque a paixão torna-se amor e tudo isso pode estragar a amizade. Mas amizade é tão pouco de tudo que se queria, mas já está muito bom. Fica-se com o que já se tem para não perder o que se quer.
Aí ocorre de entrar o frio, de anoitecer todo dia e o silêncio apoderar-se de tudo. Para complicar, uma garoa fina escorre lentamente do céu nublado, do qual não se dá para ver nem que lua tem no céu. E acontece de eu não dormir, o que é pior, como as pessoas normais normalmente fazem. Então é um querer estar onde não se está, fazer outra coisa que não este nada, sentir de novo mais uma vez um tremendo querer estar junto, uma paz e tranqüilidade que não se encontra noutros momentos da vida, sentir sempre como se fosse a última vez que se sentiu, como se não fosse sentir nunca mais.
E depois, sonhar com isso e tentar em vão entender os enigmas desses sonhos, justamente para quem não tem mais paciência para ficar decifrando enigmas. Eu acho que amo você. Não sei. Mas acho também melhor calar. E acho melhor mesmo não saber. E me iludir uma vez mais por achar que esse amor pode ficar muito bem aqui comigo e já é o bastante. Não precisa estar com você. Esse amor só precisa saber que você existe e fazer segredo de si mesmo, para não correr nenhum risco. E existir o quanto for possível. Porque eu amo você, de um amor assim feito de silêncio.
No fundo, acho que meu tempo para essas coisas já passou. O que eu quero, e sei bem isso, é sentir coisas que senti há muito tempo atrás. Porque ninguém me avisou que a gente cresce e também muda. Eu acho que o jeito de se apaixonar, a capacidade de amar, isso tudo também mudou. E não está dando certo para ninguém eu continuar sendo o mesmo.

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