quinta-feira, setembro 04, 2008

Taubaté, setembro de 2008

Faz umas quatro ou cinco semanas que tenho vindo a Taubaté, a trabalho. Perto de São Paulo, mas ainda assim muito longe de onde queria mesmo ir, para longe, por uns tempos ou pela vida toda, sei lá. Chamo carinhosamente de Taubatexas, porque aqui é quente, mesmo na lua crescente, é quente.
A estrada, velha e conhecida estrada, zomba de minha disposição atual para enfrentá-la. Não sou mais o mesmo, não sou mais jovem, meus sonhos foram atualizados, alguns eliminados, outros acrescidos que são estranhos demais para quem parece estar cansado de viver, mesmo sem perceber isso ou mesmo tendo que fazer um tremendo esforço para perceber.
Fora de casa, a rotina a que nos entregamos é só uma rotina estrangeira, só isso e nada mais. Mas continua a ser rotina. Longe de casa eu posso perceber que me sinto sufocado, afastado de tudo o que me dá, por assim dizer, uma certa segurança.
E os sentimentos... esses são implacáveis. No estrangeiro elevam-se a décima potência os mesmos costumeiros sentimentos: a solidão e a tristeza e a saudade.
Saudade... tem gente levando muito pouco a sério esse sentimento, essa palavra, que tem esse nome e me leva a outras coisas que ainda não ouso pronunciar o nome. Chico... a saudade é o revés de um parto... a saudade dói latejada... a saudade é o pior tormento... etc etc etc.
E eu, laconicamente, absurdamente atormentado por essas coisas todas lindas que nunca existirão, essas coisas das quais me fogem o nome.
Porque nem mesmo eu mais ouso ter um nome. Só essa fome que chamo saudade, só essa dor que só dói pela distância, só esse silêncio a que me obrigo sem saber por quê e que me atormenta e devora com o tempo a passar, inexoravelmente, sem que eu escolha, do qual não posso fugir e nem fingir, trazendo sempre tudo o que não posso evitar.
Isso: preciso voltar para minha casa e para meu corpo, minha vida e minhas máscaras.
E preciso descobrir urgentemente onde deixei guardada aquela velha tranquilidade...
Mas tenho ainda a estrada pela frente, sempre ela, minha sina e meu destino, minha maldição!

Nenhum comentário: