segunda-feira, abril 16, 2007

Para não dizer que não falei das rampas...

Para não dizer que não falei das rampas... FELIZ ANIVERSÁRIO!
No vigésimo sexto aniversário de Trinity, o que dizer? Bem, eu me arranjo bem com isso. Ou não, mas amigo é para essas coisas...
Blogueira velha, nada como homenagear você com um post, tomara que seja lindo e te arranque aqueles gritinhos, ou pelo menos um sorriso de satisfação. Tenho aqui até uma fonte nova, a Verdana, corpo 13, fazendo-me mudar da minha preferida Trebuchet MS, corpo 14.
Poderia dizer que ela sempre foi assim, fazendo-me mudar, mesmo que eu não queira, como aquele dia em que eu descia da rampa com a maior cara de sono, com a vontade maior ainda de ir para casa. Fez-me voltar para a sala de aula, uma aula do professor alemão, incompreensível e inaudível, e para a leitura de uma “carta-manifesto” ao coordenador do curso. Esta última nem sei se adiantou alguma coisa, mas a primeira adiantou a melhor e maior amizade de todos os tempos. E é assim que me lembro dela, essa amizade, a maior e a melhor de todos os tempos.
Estava com ela na última sexta-feira, dia 13, na Gruta. Eu tomava cerveja e ela fanta, encheu a cara de fanta, só para me dar trabalho. Antes, comemos no Bar do Estadão, eu um sanduíche de pernil e ela alguma coisa que não tenha bicho morto. Depois ela foi para o noitão de cinema e eu para casa.
Nossa conversa nem foi longa, nem ficamos muito tempo juntos, nem abrangeu todos os assuntos, somente os atuais, ou os mais atuais. Mas não precisa! Um diante do outro, não precisa nem conversar, carregamos todas as histórias e todas elas ali estavam. Basta uma palavra e podemos sacar qualquer uma dessas histórias, porque as carregamos durante esse tempo todo, assumimos a missão de mantê-las vivas, por mais que elas morram, manter viva a lembrança delas, a certeza de que se viveu, e intensamente, cada uma delas.
Nos até já nos trocamos o “insulto” de nos declarar melhor amigo um do outro. Eu continuo não arredando pé dessa posição de destaque, que venham os usurpadores e tentem ser melhores, que me arranquem o título, por uns tempos. Só um melhor amigo poderia mesmo até perder o título de melhor amigo. E continuar sendo. E nunca deixar de ser.
Das rampas para as mesas da praça de alimentação da UniJudas, tomando aquelas deliciosas sopas de copo. Até o dia em que vi que era necessário compartilhar uma sopa de verdade, sopa de panela, para estrear meu fogão, meu jogo de panelas, a panela de pressão, sopa de legumes, não lembro se havia alguma carne. Uma noite e cinco litros de sopa. Sobrou um pouco na panela, um pouco menos de um litro. A desavisada, na padaria, queria comprar mortadela, enquanto eu comprava pão para comer com a sopa, e eu quase a deixei comprar. Primeira pessoa que dormiu em minha casa e foi expulsa da cama com os pés. A primeira pessoa que nunca me deixou sozinho, a despeito de seus personagens e sempre novos filmes e aventuras, nunca me deixou sozinho.
Eu relia no final de semana passada a vasta correspondência on-line, e-mail, que trocamos ao longo desses anos. Ali estava toda uma história. E paramos, não por não ter mais o que dizer ou por termos dito tudo, mas porque encontramos outro modo de dizer. Carregar nossa história e marcamos encontro delas onde quer que for. Como sexta na Gruta. Cara a cara, já somos toda a história. Mesmo com os ciclos e os círculos que se fecham e os que se abrem, somos toda a história.
E parece que somos os “donos” dessa história. E somos mesmo. Cinco saraus de poesia, que seria de mim sem os saraus e a poesia? E, quando nós dois éramos mais jovens, três ou dois anos mais jovem, as madrugadas que passamos acordados. Criando não a história de nosso mundo, mas um nosso mundo para contar a sua história.
Ela tomava coca-cola no primeiro ano. Duas garrafinhas que enchiam o mesmo copo. Que vergonha! Não demorou para ser apresentada à vodka, e foi a única pessoa a ter em casa uma garrafa cativa de vodka, que ninguém bebia, a não ser com sua expressa autorização.
Portadora de meu epitáfio e encarregada da gargalhada de despedida em meu funeral. Companheira de batalhas travadas no silêncio e na solidão, que me guardou os meus mais valorosos segredos, sem o saber, porque não sabia que eram segredos, que soube dizer qualquer coisa quando fosse preciso e calar quando fosse necessário. E que em troca me fez Tântalo, e fez ainda gostar muito dessa “maldição”. Quer dizer, gostar às vezes sim, às vezes não.
É sempre alegre sofrer com ela todo o sofrimento que vale a pena. E sempre é uma tristeza caso não consiga se alegrar com ela as mais excitantes alegrias, por tudo e por nada, por muito e por pouco.
A cara dela é já um sorriso. Sempre. Muito raro ver suas lágrimas, ainda que elas existam, privilégio para poucos. Cara feia nunca fez, falar mal de ninguém nunca falou, mesmo quando podia ou tinha que falar, nunca falou.
Consegue, numa mesa de bar, conversar com você e com outras trinta e oito pessoas, ao mesmo tempo. e falar mais alto que todos, ser ouvida.
Levou o avô na colação de grau, acredita que sua Brasília vai andar um dia e até queria que eu viajasse com ela, vejam se pode uma coisa dessa.
Quer ser médica e filósofa, vai morar no Centro dentro em breve (oba!), trabalha na polícia (podem crer nisso!).
Vinte e seis anos de vida, virando a mesa com sutileza e paciência.
Escreve bem para caramba, essa mulher!
E ela deve, pelos deuses, ter algum defeito. Se descobrirem me contem. Me contem à toa que não vou acreditar mesmo.
E eu sou prolixo, tanta coisa para dizer, digo pouco.
Mas carrego com ela, nossa história.
Um grande beijo, Trinity.
Um grande beijo, Mulher!

2 comentários:

Anônimo disse...

Marquinhos,
Ainda não respondi aquele e-mail... mas estou me dedicando a ler suas prosas e poesias. Droga de multiply que não dá pra comentar sem ser usuário! Mas eu comento aqui que você escreve coisas arrepiantes! E esse post pra Vivi, ela deve ter dado os gritinhos mesmo, que lindo! E você a descreveu direitinho, principalmente a parte da conversa na mesa com mais de 30 pessoas falando mais alto do que todas, hehehe! E o e-mail que ainda não respondi tá aí, você o tornou público, seu filho-da-mãe, hahaha, não esperava, mas bacana até! Vou tentar acompanhar os seus posts futuros, só não mexi no outro blog, que tem "filósofos" no endereço, não ando com muita vontade de coisas que carregam "Filosofia" e afins no nome, hehe! Beijo, couve-flor!

Unknown disse...

Gostei da Descrição da moça.